terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Helicóptero

De dentro do helicóptero você vê. Mas a visão que se tem de dentro não é nem de longe comparável a tudo que você poderá sentir lá fora. Quando enfim a porta se abre e o vento te beija forte, automaticamente você morde os lábios. É pro coração não cair. Lógico que se sente apavorada - se não sentisse, não seria magnífico. Porém, só depois que abandonar o quentinho do helicóptero é que vai saber como é deitar nos braços do vento, como é tê-lo fazendo todas as curvas, dentro e fora.
Há uma coisa muito boa na queda.
Enquanto os ventos te inflam, eles assopram para fora todas as coisas medíocres que haviam em sua mente. E nesse curto tempo você terá consciência, uma terrível consciência, de tudo. Vai descobrir tudo que antes ignorava, e entender todos os mistérios do mundo; como porque a Terra é mais quente por dentro, porque a gente espirra, porque as formigas conseguem andar no teto e porque ele não te telefona há uma semana. Tanta consciência assim - é claro, você não é passarinho - começa a pesar, o que te faz cair mais rápido e esquecer todas a filosofias aéreas que por 4 segundos fizeram de você a pessoa mais esperta do mundo. Está na hora de acionar os equipamentos de aterrissagem que te trarão inteira ao chão.
É pena que tantas verdades ficaram no céu, e você ainda não sabe de nenhum equipamento capaz de trazê-las. Mas até lá vai colecionando as brisas que ficaram ventando na barriga. Aquelas que sopram sempre que alguém faz a gente lembrar do céu.

♫ (born in babylon - soja)

2 comentários:

  1. "Tanta consciência assim - é claro, você não é passarinho - começa a pesar"
    Fato! Muita consciencia parece um peso nas costas!
    Ainda bem que existem equipamentos de aterrizagem e que pelo menos por 4 segundos somos capazes de nos tornar leves!

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  2. o segredo está em pular de para-quedas... vou tentar, para encontrar tais respostas :p

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