domingo, 22 de agosto de 2010

Sobre como não devem ser as coisas e a hora errada.

O príncipe me disse que era ele o vilão no nosso primeiro dia, lá na nossa primeira esquina. 1x0 pra ele. Beleza.
Não fui eu quem contou pra ele. Não sei se alguém fez fofoca ou ele leu mesmo o meu manual. Também tão facinho, né.. Ali, saindo dos meus olhos sempre que eles escorriam dos dele para a tatuagem colorida do braço direito. De graça, era muito fácil me ler: eu gosto é das causas perdidas, garoto! Falou que era o vilão e naquela hora eu quis ser uma mocinha bem melhor, bem mais linda e bem mais certa só pra que tudo desse em encrenca mesmo, e bem rápido. Querendo ser a mocinha, eu falei que não teria tempo pra ele, nem pra sonhar a noite, nem pra saudade. E ele, da última vez que me foi embora, levou-me a bateria do relógio. Agora tenho os meus ponteiros parados, e os dele tão ocupados, que nem me liga. Nunca mais, eu acho. Só me atende, às vezes, pra me ouvir dizendo nada, nada de importante. Digo dos pesadelos que tenho com ele à tarde, dormindo na aula. Que ele tinha morrido, tinha sido preso, tinha virado gay. Cruz credo. E o mais engraçado: sempre tão lindo. Lindo igual está naquela foto dele que eu detesto muito. Ele morre de rir dos pesadelos, e diz que também sonha comigo, mas é só coisa boa. Porque eu sou toda e só a parte boa dele. Mas é mentira, que eu sei. Diz que vai desligar, mas que me ama ainda assim. Que me liga amanhã, vem me ver depois de amanhã. Vai desligar agora à noite, mas me beija depois de amanhã cedo. E posso confiar.
Mas isso é mentira também. Eu disse quem sabe. Quem sabe né?! Eu disse isso fazendo muita força pra parecer. Eu disse querendo muito que fosse de mentirinha também.

péssima não

Eu não sou tão má, afinal. E não pretendo ficar muito mais nesse assunto porque já tô enchendo o saco, eu sei. Mas veja bem, eu dei a liberdade a ele! Cachorrinho sem coleira, vendo a porta aberta, não foge porque não quer! Não se discute aqui se o dono maltrata, a porta tá aberta! Eu disse pra ele, e eu riu um 'aai menina!' nun riso de quem já não entende mais nada. Acho que ficou tempinho digerindo a alforria dele que eu assinava: 'Pode se afastar de mim se quiser. Eu sei que não te faço bem. Até paro de falar com você, se me pedir isso.''
Não sei se ele me entendeu bem, se confundiu minha proposta, porque me respondeu fugindo do assunto. "Esse é seu encanto, né? Termina com as pessoas antes do tempo, que aí elas fazem de tudo pra não lhe dar adeus nunca mais. Pode parar agora. Não precisa fazer charminho comigo, esqueceu disso? Com a gente é diferente. Mas você sempre esquece.. Eu nunca irei embora. Não interessa aonde eu esteja, não me interessa quantos namorados seus eu conheça, nem o tanto que você me diga estar apaixonada por eles pra sempre. Eu amo você, e você não se cansa de mim. Não sei se há algo que dê mais certo nesse mundo - mas tenho certeza. Pode continuar pedindo suas férias de mim, que eu tô de boa. Tô levando isso fácil, facil."

sábado, 14 de agosto de 2010

péssima

tô quase voltando a roer minhas unhas que finalmente estão enormes. tô dando chilique baixinho, sacudindo as mãos pelos cômodos da casa. liguei jack johnson. por hora eu mordo só os dedos e me distraio com o teclado. tô começando frases sem maiúscula. tudo isso advinha por quem? quem diriiia hein.
talvez daqui a pouco o telefone toca e 'o outra alternativa' me compra com conversinha vazia, a preço de banana. ou talvez não. mas agora, enquanto eu frito, fico pensando que confundi every little thing. que fui exatamente para a direção oposta e fiz tudo ao contrário. e sei disso com tanta certeza como sei sobre as glândulas sudoríparas dos mamíferos. que só eles têm, mas às vezes não têm. tanto o quanto sei sobre o campo magnético no interior de um solenóide. sobre acelerador de partículas. sobre vida em netuno. imperialismo asiático.
eu sei que eu nunca fui falsa com você, porque você sempre soube da minha decisão de não ser falsa comigo. então, as duas partes estando de acordo, tecnicamente eu nunca iludi ninguém aqui. mas ainda assim.
ainda que falando a verdade, eu fui indesculpavelmente má. usando sem limite e sempre que quisesse a dádiva que é ter você comigo na hora e do jeito que me desse vontade. ter um dia horroroso e depois melhorar vendo seu sorriso frouxo, fácil. te dando aquelas repostas que te fazem dar aquela gargalhada boa, e o mundo inteirinho ficava tão fácil que nada mais me incomodava. e todo o desgaste dos meus dias, o porquê das perdas que eu sofro, a razão de minhas armações darem errado; tudo isso se explicava com o jeito como você ria, e me beijava na testa(na bochecha e nos lugares que eu me machuco), batendo essas suas asinhas grandes que protegem tão bem os seus olhos, e que deviam tê-los protegido de mim também. o que me consola é não ter dúvida de que você está feliz. olho você que não consgue esconder mais os dentes na boca, às vezes me olhando triste, mas sempre me sorriu. me vê, me sorri e me agradece por gostar de você. acaaaba comigo isso! fico só sorrindo triste, triste. e nem consigo te dizer nada, porque começo a pedir desculpas pro céu por eu ser tão má. o céu não aceita desculpas, nubla minha cabeça aérea e eu não encontro nenhuma resposta digna do seu agradecimento. você me olha sem expressão e o clima quase pesa. sorte a minha ser tão triste ao ponto de ser cínica. a cínica sempre tem alguma coisa pronta pra responder, e engraçada. e você ri denovo. abrindo o sol no céu pesado.
é claro que eu sinto.
é por você ser assim, e por tudo com você ser tão natural, e simples, e tranquilo que eu nunca consegui te esconder nada. na verdade, nunca tive vontade de esconder. sinto ciúmes, morro de ciúmes. sinto uma saudade malvada[sim, saudade: aquele sentir falta que dói tipo abelha no esôfago. que, sentada na cadeira, você encolhe as pernas e cruza os braços, de tanta vontade de abraçar] e te conto tudo. você sabe das coisas que eu sinto, e nós sabemos que não é pouca coisa. mas não é nada do que você queria, eu sei.
continua sorrindo, garoto. fica triste por isso não, deixa que eu entendo disso. e acredita aqui: eu gostando de você assim: tanto, mas ainda dando para explicar, às vezes pedindo férias, mas nunca pedindo conta.. é melhor. bem melhor do que se eu amasse assim, igual às outras, igual a você.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

sempre soube

..eu não quis ser medíocre, não. Deus não me deu esse estômago enjoado, essa alergia encantada de vida e esse coração disparado à toa. Eu sempre achei que devia ser especial, que devia ter algum talento.

Eu não quero que a energia negativa me encontre e me enterre. Eu não sei se com ele vai dar certo, da mesma forma que eu não sei se um dia vou ser uma grande médica. Só sei que estou preparada para quebrar a minha cara.

Porque eu posso ser louca, boba e infantil, mas eu não sou medíocre.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Saí sem o celular.

Em dias assim, odeio companhia que não seja a minha quando saio pro píer. Odeio que um caixotinho eletrônico me diga a hora de voltar de lá. Quando voltei ele tava tocando em cima da mesa. Novecentas chamadas perdidas. Tudo dele mesmo. “ahh, pq eu te liguei mil vezes”; “ahh, pq você não tá prestando atenção”; “ahh, pq você tá esquisita hoje.” . E eu lembrando do céu..
ai, tudo de novo:

Lá no píer, eu quis fazer uma promessa. Mas ando muito sem moral comigo pra cumprir as coisas que prometo a mim mesma. Então eu fiz um pedido. É, foi tudo que deu pra fazer hoje. Com a maior cara de pidona, de criança chorona, eu olhei pra todas aquelas pedras gigantes com suas filhotas pedrinhas; e pras ondas implicantes que quebravam nelas e espirravam em mim, como se a tarde já não estivesse gelada o bastante. Mordi os dedos pra parar de bater os dentes e pedi. Por favooor. Céus, ondas, pedras, universo, sistema solar e nervoso.. não me deixem fazer mais isso! Nunca, nunca mais. Que eu nunca mais pense que é uma boa idéia aceitar outro cara assim, igual a todos os outros genéricos mais ou menos e vazios. E achar que tudo bem, pelo menos o espaço dolorido do coração não tá mais vazio. buuurra! Melhor um espaço vazio do que um mal preenchido. Dói mais vezes, mas dói com dignidade. E não pesa a consciência.

Eu fiz a experiência idiota. E fica a descoberta pra posteridade: Não se substitui o excelente apenas por substituir. Se colocar um genérico no lugar, vai continuar sobrando um espaço esquisito. Imitações não fazem efeito muito tempo. Uma semana, ou menos. O que passar disso já é náusea.

Aaai, céus. Não me deixem abaixar o nível por cansaço. Não me deixem deixar de ser chata apenas por conveniência, ou caridade, ou sei lá. E quando eu duvidar disso, me lembre que eu já sei e já conheci tudo o que eu quero. Que imitação não vem com garantia pra gente poder devolver quando cansar. E que se eu tiver mais um pouquinho de paciência não preciso ficar usando falsificados.

“alô, tá me escutando? Tá tudo bem com você hoje?”

aargh, céus.

"Há dias em que adias tudo.."

Há dias que deixei-me exatamente como deixei este blog: entregue.
(entregue) às baratas, às últimas visitas que vinham ver como andava isso aqui, com as últimas esperancinhas de que “vai que ela já saiu do choque e já ta mexendo os dedinhos, né..” Mas chegavam aqui e essas poucas palavras ocas e os muitos silêncios matavam as esperanças sobreviventes e fraquinhas.
Entregue ao ‘dane-se’, ao ‘vai dar nada e, se der, nem ligo mais’. [pensando nisso admito ser mesmo muito perigoso sair andando por aí, atravessar ruas, tomar ônibus, comprar coisas, beijar pessoas, falar com estranhos, voltar pra casa de manhã, passar por pontes ou ir à padaria com o coração doendo. A gente fica pensando que nada que acontecer de errado no mundo pode machucar mais. Nem ser atropelado, acidentado, assaltado, raptado. Nem morrer. Isso é PERIGOSISSIMO. Ministério da saúde devia advertir que sair de casa com o coração doendo é prejudicial à saúde. Mas ficar em casa também é..] e continua doendo tanto que, ai ai , nem sei, nem ligo.
E – incrível! – passou um tempinho. Ou melhor: uns dias miúdos se arrastaram, e, apesar de há muito não poder pensar um pensamento bobo que fosse, percebi algumas coisas: Tomar remédio não passa as dores, mas passa o tempo; não tomar te aproxima do inferno/ A música certa, na hora certa te deixa respirar um pouquinho, ainda que pra isso ela te faça chorar, ou só dormir mesmo/ Às vezes o seu corpo tenta te ajudar doendo em partes diferentes pra desviar a atenção do coração. E às vezes funciona/ Voltar pra casa de bacurau, fedendo a vários tipos de fumaça e álcool, e sem casaco não ajuda em nada; mas também não atrapalha. Às vezes traz problemas diplomáticos e familiares, às vezes traz o precioso sono./ Escrever pode ajudar, mas não conseguir é lamentável/ Estudar alivia. Esvazia parte da mente pra caber as fórmulas mandonas complicadas. i = 1 + a (q - 1). Alivia a consciência, acalma a família e convence os amigos. Próximo assunto: Lei de Snell.