terça-feira, 3 de agosto de 2010

"Há dias em que adias tudo.."

Há dias que deixei-me exatamente como deixei este blog: entregue.
(entregue) às baratas, às últimas visitas que vinham ver como andava isso aqui, com as últimas esperancinhas de que “vai que ela já saiu do choque e já ta mexendo os dedinhos, né..” Mas chegavam aqui e essas poucas palavras ocas e os muitos silêncios matavam as esperanças sobreviventes e fraquinhas.
Entregue ao ‘dane-se’, ao ‘vai dar nada e, se der, nem ligo mais’. [pensando nisso admito ser mesmo muito perigoso sair andando por aí, atravessar ruas, tomar ônibus, comprar coisas, beijar pessoas, falar com estranhos, voltar pra casa de manhã, passar por pontes ou ir à padaria com o coração doendo. A gente fica pensando que nada que acontecer de errado no mundo pode machucar mais. Nem ser atropelado, acidentado, assaltado, raptado. Nem morrer. Isso é PERIGOSISSIMO. Ministério da saúde devia advertir que sair de casa com o coração doendo é prejudicial à saúde. Mas ficar em casa também é..] e continua doendo tanto que, ai ai , nem sei, nem ligo.
E – incrível! – passou um tempinho. Ou melhor: uns dias miúdos se arrastaram, e, apesar de há muito não poder pensar um pensamento bobo que fosse, percebi algumas coisas: Tomar remédio não passa as dores, mas passa o tempo; não tomar te aproxima do inferno/ A música certa, na hora certa te deixa respirar um pouquinho, ainda que pra isso ela te faça chorar, ou só dormir mesmo/ Às vezes o seu corpo tenta te ajudar doendo em partes diferentes pra desviar a atenção do coração. E às vezes funciona/ Voltar pra casa de bacurau, fedendo a vários tipos de fumaça e álcool, e sem casaco não ajuda em nada; mas também não atrapalha. Às vezes traz problemas diplomáticos e familiares, às vezes traz o precioso sono./ Escrever pode ajudar, mas não conseguir é lamentável/ Estudar alivia. Esvazia parte da mente pra caber as fórmulas mandonas complicadas. i = 1 + a (q - 1). Alivia a consciência, acalma a família e convence os amigos. Próximo assunto: Lei de Snell.

Um comentário:

  1. Cara Clarissa, sempre soube que você redigia muito bem, e tomo prova disto agora. Você me conhece, mas acho que nem lembra mais de mim, e não me identifico, então não ajuda muito. Mas gostaria que em algum momento vago lesse meu blog, seria uma crítica válida, depois me identifico, abraços!

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