quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

vira-lata.

'Não.
'E por que hoje não?
'Porque hoje eu não quero, não vou querer amanhã e nem depois.
'Mas é que ontem...
'Nããão, nem pensar em repetir ontem, argh, chega.
'Eu não acredito que você já enj..
'Shhhhh, já! e não fala mais nisso tá, preciso desligar.
'Mas ca.. mas você tinha dito..
'Eu sei, eu sei o que você vai falar, ou melhor não sei se eu sei. mas mesmo assim. não dá.
'Hmm, então tá.

aí eu quase disse: 'olha, não faz isso, não fica assim, tá. relaxa. não é você. eu é que sou meio vira-lata. (..) vira lata, você sabe. sai correndo se você chega perto; mas se você sair correndo primeiro, corre atrás.

domingo, 31 de outubro de 2010

wake me up when september ends, hon.

deixei setembro passar e outubro, já nas últimas, também.


Houve tantas coisas, e talvez não me valha contar-lhe nenhuma delas. Tantas coisas eu tive, e tantas outras eu - buscando encrenca mesmo - trouxe para mim. Acho que só para chegar em casa tarde, reclamar que não aguento, e ir dormir reclamando também. Amanhã acordo cedo, amanhã não dá, e tudo mais. E tudo com a secreta satisfação de mais um dia comprido e cumprido. Eu e minhas tarefas de gente normal. Tudo isso sem desequilibrar. Sem parar para procurar aquele lado esquerdo do meu estômago que dói quando alguém mais intrometido vem me dizer que eu deveria me deixar sentir saudade. Tipo caetano anteontem. 'saudade até que é bom, melhor que caminhar vazio..' é nada. Cálice, caetano. Você não entende nada. (♫)

Foram boas as coisas que me aconteceram nos últimos dois meses. Foram bons até uns alguéns que me aprareceram neles, e uma amiga pré-adolescente nova que fiz na rua. Mas não valem a pena de te contar. E ainda que valessem, não poderia. Hoje o dia amanheceu quente, sabe. Me arrumei para passar o feriado na praia, e me deu nostalgia daqueles verões antes deste ultimo. Desde então não consigo pensar em coisa diferente ou melhor do que caminhar sozinho. Pensando em ligar e xingar, mas com vontade de dizer: volta, vai. E eu acho bom terminar logo este post. Que era só para justificar minhas faltas, para variar, com desculpas esfarrapadas. Antes que eu comece a me contradizer e dizer que estou com saudade.
Vou terminar antes de dar meu braço a torcer.


aliás, como já me disseram e eu não gostei de ouvir:
é isso que eu sempre faço mesmo.

domingo, 22 de agosto de 2010

Sobre como não devem ser as coisas e a hora errada.

O príncipe me disse que era ele o vilão no nosso primeiro dia, lá na nossa primeira esquina. 1x0 pra ele. Beleza.
Não fui eu quem contou pra ele. Não sei se alguém fez fofoca ou ele leu mesmo o meu manual. Também tão facinho, né.. Ali, saindo dos meus olhos sempre que eles escorriam dos dele para a tatuagem colorida do braço direito. De graça, era muito fácil me ler: eu gosto é das causas perdidas, garoto! Falou que era o vilão e naquela hora eu quis ser uma mocinha bem melhor, bem mais linda e bem mais certa só pra que tudo desse em encrenca mesmo, e bem rápido. Querendo ser a mocinha, eu falei que não teria tempo pra ele, nem pra sonhar a noite, nem pra saudade. E ele, da última vez que me foi embora, levou-me a bateria do relógio. Agora tenho os meus ponteiros parados, e os dele tão ocupados, que nem me liga. Nunca mais, eu acho. Só me atende, às vezes, pra me ouvir dizendo nada, nada de importante. Digo dos pesadelos que tenho com ele à tarde, dormindo na aula. Que ele tinha morrido, tinha sido preso, tinha virado gay. Cruz credo. E o mais engraçado: sempre tão lindo. Lindo igual está naquela foto dele que eu detesto muito. Ele morre de rir dos pesadelos, e diz que também sonha comigo, mas é só coisa boa. Porque eu sou toda e só a parte boa dele. Mas é mentira, que eu sei. Diz que vai desligar, mas que me ama ainda assim. Que me liga amanhã, vem me ver depois de amanhã. Vai desligar agora à noite, mas me beija depois de amanhã cedo. E posso confiar.
Mas isso é mentira também. Eu disse quem sabe. Quem sabe né?! Eu disse isso fazendo muita força pra parecer. Eu disse querendo muito que fosse de mentirinha também.

péssima não

Eu não sou tão má, afinal. E não pretendo ficar muito mais nesse assunto porque já tô enchendo o saco, eu sei. Mas veja bem, eu dei a liberdade a ele! Cachorrinho sem coleira, vendo a porta aberta, não foge porque não quer! Não se discute aqui se o dono maltrata, a porta tá aberta! Eu disse pra ele, e eu riu um 'aai menina!' nun riso de quem já não entende mais nada. Acho que ficou tempinho digerindo a alforria dele que eu assinava: 'Pode se afastar de mim se quiser. Eu sei que não te faço bem. Até paro de falar com você, se me pedir isso.''
Não sei se ele me entendeu bem, se confundiu minha proposta, porque me respondeu fugindo do assunto. "Esse é seu encanto, né? Termina com as pessoas antes do tempo, que aí elas fazem de tudo pra não lhe dar adeus nunca mais. Pode parar agora. Não precisa fazer charminho comigo, esqueceu disso? Com a gente é diferente. Mas você sempre esquece.. Eu nunca irei embora. Não interessa aonde eu esteja, não me interessa quantos namorados seus eu conheça, nem o tanto que você me diga estar apaixonada por eles pra sempre. Eu amo você, e você não se cansa de mim. Não sei se há algo que dê mais certo nesse mundo - mas tenho certeza. Pode continuar pedindo suas férias de mim, que eu tô de boa. Tô levando isso fácil, facil."

sábado, 14 de agosto de 2010

péssima

tô quase voltando a roer minhas unhas que finalmente estão enormes. tô dando chilique baixinho, sacudindo as mãos pelos cômodos da casa. liguei jack johnson. por hora eu mordo só os dedos e me distraio com o teclado. tô começando frases sem maiúscula. tudo isso advinha por quem? quem diriiia hein.
talvez daqui a pouco o telefone toca e 'o outra alternativa' me compra com conversinha vazia, a preço de banana. ou talvez não. mas agora, enquanto eu frito, fico pensando que confundi every little thing. que fui exatamente para a direção oposta e fiz tudo ao contrário. e sei disso com tanta certeza como sei sobre as glândulas sudoríparas dos mamíferos. que só eles têm, mas às vezes não têm. tanto o quanto sei sobre o campo magnético no interior de um solenóide. sobre acelerador de partículas. sobre vida em netuno. imperialismo asiático.
eu sei que eu nunca fui falsa com você, porque você sempre soube da minha decisão de não ser falsa comigo. então, as duas partes estando de acordo, tecnicamente eu nunca iludi ninguém aqui. mas ainda assim.
ainda que falando a verdade, eu fui indesculpavelmente má. usando sem limite e sempre que quisesse a dádiva que é ter você comigo na hora e do jeito que me desse vontade. ter um dia horroroso e depois melhorar vendo seu sorriso frouxo, fácil. te dando aquelas repostas que te fazem dar aquela gargalhada boa, e o mundo inteirinho ficava tão fácil que nada mais me incomodava. e todo o desgaste dos meus dias, o porquê das perdas que eu sofro, a razão de minhas armações darem errado; tudo isso se explicava com o jeito como você ria, e me beijava na testa(na bochecha e nos lugares que eu me machuco), batendo essas suas asinhas grandes que protegem tão bem os seus olhos, e que deviam tê-los protegido de mim também. o que me consola é não ter dúvida de que você está feliz. olho você que não consgue esconder mais os dentes na boca, às vezes me olhando triste, mas sempre me sorriu. me vê, me sorri e me agradece por gostar de você. acaaaba comigo isso! fico só sorrindo triste, triste. e nem consigo te dizer nada, porque começo a pedir desculpas pro céu por eu ser tão má. o céu não aceita desculpas, nubla minha cabeça aérea e eu não encontro nenhuma resposta digna do seu agradecimento. você me olha sem expressão e o clima quase pesa. sorte a minha ser tão triste ao ponto de ser cínica. a cínica sempre tem alguma coisa pronta pra responder, e engraçada. e você ri denovo. abrindo o sol no céu pesado.
é claro que eu sinto.
é por você ser assim, e por tudo com você ser tão natural, e simples, e tranquilo que eu nunca consegui te esconder nada. na verdade, nunca tive vontade de esconder. sinto ciúmes, morro de ciúmes. sinto uma saudade malvada[sim, saudade: aquele sentir falta que dói tipo abelha no esôfago. que, sentada na cadeira, você encolhe as pernas e cruza os braços, de tanta vontade de abraçar] e te conto tudo. você sabe das coisas que eu sinto, e nós sabemos que não é pouca coisa. mas não é nada do que você queria, eu sei.
continua sorrindo, garoto. fica triste por isso não, deixa que eu entendo disso. e acredita aqui: eu gostando de você assim: tanto, mas ainda dando para explicar, às vezes pedindo férias, mas nunca pedindo conta.. é melhor. bem melhor do que se eu amasse assim, igual às outras, igual a você.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

sempre soube

..eu não quis ser medíocre, não. Deus não me deu esse estômago enjoado, essa alergia encantada de vida e esse coração disparado à toa. Eu sempre achei que devia ser especial, que devia ter algum talento.

Eu não quero que a energia negativa me encontre e me enterre. Eu não sei se com ele vai dar certo, da mesma forma que eu não sei se um dia vou ser uma grande médica. Só sei que estou preparada para quebrar a minha cara.

Porque eu posso ser louca, boba e infantil, mas eu não sou medíocre.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Saí sem o celular.

Em dias assim, odeio companhia que não seja a minha quando saio pro píer. Odeio que um caixotinho eletrônico me diga a hora de voltar de lá. Quando voltei ele tava tocando em cima da mesa. Novecentas chamadas perdidas. Tudo dele mesmo. “ahh, pq eu te liguei mil vezes”; “ahh, pq você não tá prestando atenção”; “ahh, pq você tá esquisita hoje.” . E eu lembrando do céu..
ai, tudo de novo:

Lá no píer, eu quis fazer uma promessa. Mas ando muito sem moral comigo pra cumprir as coisas que prometo a mim mesma. Então eu fiz um pedido. É, foi tudo que deu pra fazer hoje. Com a maior cara de pidona, de criança chorona, eu olhei pra todas aquelas pedras gigantes com suas filhotas pedrinhas; e pras ondas implicantes que quebravam nelas e espirravam em mim, como se a tarde já não estivesse gelada o bastante. Mordi os dedos pra parar de bater os dentes e pedi. Por favooor. Céus, ondas, pedras, universo, sistema solar e nervoso.. não me deixem fazer mais isso! Nunca, nunca mais. Que eu nunca mais pense que é uma boa idéia aceitar outro cara assim, igual a todos os outros genéricos mais ou menos e vazios. E achar que tudo bem, pelo menos o espaço dolorido do coração não tá mais vazio. buuurra! Melhor um espaço vazio do que um mal preenchido. Dói mais vezes, mas dói com dignidade. E não pesa a consciência.

Eu fiz a experiência idiota. E fica a descoberta pra posteridade: Não se substitui o excelente apenas por substituir. Se colocar um genérico no lugar, vai continuar sobrando um espaço esquisito. Imitações não fazem efeito muito tempo. Uma semana, ou menos. O que passar disso já é náusea.

Aaai, céus. Não me deixem abaixar o nível por cansaço. Não me deixem deixar de ser chata apenas por conveniência, ou caridade, ou sei lá. E quando eu duvidar disso, me lembre que eu já sei e já conheci tudo o que eu quero. Que imitação não vem com garantia pra gente poder devolver quando cansar. E que se eu tiver mais um pouquinho de paciência não preciso ficar usando falsificados.

“alô, tá me escutando? Tá tudo bem com você hoje?”

aargh, céus.

"Há dias em que adias tudo.."

Há dias que deixei-me exatamente como deixei este blog: entregue.
(entregue) às baratas, às últimas visitas que vinham ver como andava isso aqui, com as últimas esperancinhas de que “vai que ela já saiu do choque e já ta mexendo os dedinhos, né..” Mas chegavam aqui e essas poucas palavras ocas e os muitos silêncios matavam as esperanças sobreviventes e fraquinhas.
Entregue ao ‘dane-se’, ao ‘vai dar nada e, se der, nem ligo mais’. [pensando nisso admito ser mesmo muito perigoso sair andando por aí, atravessar ruas, tomar ônibus, comprar coisas, beijar pessoas, falar com estranhos, voltar pra casa de manhã, passar por pontes ou ir à padaria com o coração doendo. A gente fica pensando que nada que acontecer de errado no mundo pode machucar mais. Nem ser atropelado, acidentado, assaltado, raptado. Nem morrer. Isso é PERIGOSISSIMO. Ministério da saúde devia advertir que sair de casa com o coração doendo é prejudicial à saúde. Mas ficar em casa também é..] e continua doendo tanto que, ai ai , nem sei, nem ligo.
E – incrível! – passou um tempinho. Ou melhor: uns dias miúdos se arrastaram, e, apesar de há muito não poder pensar um pensamento bobo que fosse, percebi algumas coisas: Tomar remédio não passa as dores, mas passa o tempo; não tomar te aproxima do inferno/ A música certa, na hora certa te deixa respirar um pouquinho, ainda que pra isso ela te faça chorar, ou só dormir mesmo/ Às vezes o seu corpo tenta te ajudar doendo em partes diferentes pra desviar a atenção do coração. E às vezes funciona/ Voltar pra casa de bacurau, fedendo a vários tipos de fumaça e álcool, e sem casaco não ajuda em nada; mas também não atrapalha. Às vezes traz problemas diplomáticos e familiares, às vezes traz o precioso sono./ Escrever pode ajudar, mas não conseguir é lamentável/ Estudar alivia. Esvazia parte da mente pra caber as fórmulas mandonas complicadas. i = 1 + a (q - 1). Alivia a consciência, acalma a família e convence os amigos. Próximo assunto: Lei de Snell.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Eu sei, Teddy

Eu sei que não faz sentido nenhum culpar o palhaço por ter me feito rir e ter me encantado, nem o domador de leões por ser o dono do circo, nem o mundo por girar em minúsculas 24 horas e fazer passar os dias, e os dias completarem um mês, e o mês levar o palhaço para a próxima cidade. Tá Teddy, eu sei que tô derretendo meu rímel todo, e que minha bochecha já passou do vermelho, mas pára de pedir pra eu parar de chorar. Pára de dizer que você sabe o quanto tá doendo agora, mas vai passar. Sabe nada, Teddy. Vai passar nunca. Você não faz idéia do quanto dói acordar cedo todos os dias - sábados e feriados, as vezes -, e ter que passar pela pracinha da minha rua. Enorme. Gigante de tão triste. E cada dia parece que a pracinha aumenta, desde que todas as cores, sons de riso e cheiro de açúcar mudaram, junto com o circo e com meu palhaço, pra outra cidade.
Não, Teddy. Vai passar não.. Você fala assim porque eu nao levei você comigo, e você não viu. Sexta, depois sábado e depois domingo. Final de semana, depois o outro. Não viu como eu tava linda de feliz, toda noite trocava meus ingressos por um sorriso + um saquinho de pipoca. Voltava pra casa andando em algodão doce, considerava o preço, e chegava à conclusão de que saía sempre no lucro. Na primeira vez que ele roubou uma maçã do amor pra mim, e eu fiquei com tanto medo da moça ver e brigar comigo, que tava bem frio, mas minha bochecha até esquentou de tão vermelha. E quando ele me viu, ficou me olhando com uns olhos enormes, e riu fácil, como se tivesse escutado uma piada. E depois me colocou o nariz dele, e a gente ficou rindo de como eu, sem maquiagem, parecia muito mais palhaça do que ele.
Na última vez eu não quis maçã, não quis flor e não quis beijo de tinta. Tava com raiva. Faz sentido não, eu sei Teddy. Não posso dizer que não sabia, que ninguém avisou. Você, inclusive, avisou. Mas tava com muita raiva. Dele, de você, de mim até. E ele insistiu, viu. Mas não passava. Tentou esquentar meu nariz, gelar minhas bochecas, tentou me prender pelos cotovelos pra ouvir o final das piadas dele. Tirou até o girassol do bolso e colocou no meu cabelo. Mas nada deu certo. Eu não ri nenhuma vez depois do espetáculo.
Nem vou rir agora tá, Teddy. Me deixa, vai.

domingo, 30 de maio de 2010

último sábado

entre os que não abrem concorrência e os que dão assistência, "eu, com a cara mais lavada, disse: por que não? " (♪)

quarta-feira, 26 de maio de 2010

minha mãe II

difícil ficar no alto do salto 13 e meio, andar, olhar pra frente, sorrir e respirar - tudo ao mesmo tempo.

'tô bem, mãe? tô andando muito feio?'
'tá linda minha filha. Tem nada feio, parece que você nasceu nas passarelas.'

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Quietinha

Voltei todo o caminho sacolejando no ônibus e quase fechei a janela pra espantar as filosofias-de-janela-de-ônibus que sempre chegam ventando frio. Impossível. Não tem como encontrar você e não ficar pensando 50 vezes em cada vírgula depois. E eu já penso muito mais do que devia(...). Encontro você, começa a chover e a gente sai correndo. ‘É bom que você fica mais’. ‘aham, tá bom’. ‘Fica. Fica sim, sua desconfiada. Fica que eu te levo nas costas e vou te explicar como se faz pra não cair nunca mais.’
Dito e feito.
Me pegou colo, acalmou meu cabelo do vento estressado, acalmou meu soluço, e eu tive certeza de que tinha 6 anos e nem era mais tão alta. Tirou da minha boca os dedos que eu mordia e disse ‘agora chega, neném. Agora acabou o show, tá’. Disse que podia parecer incrível, mas eu não era a única nem a última a sair correndo pro lado errado e bater a cabeça, e cair sentada, e chorar até ficar cansada, e depois resmungar soluçando e mordendo os dedos. Disse que até ele – veja bem, porque isso também pode parecer incrível, mas até ele! – já correu pra saída achando que era entrada. Disse que não precisava ficar desesperada, porque ele já viu meu filme, e meu final vai dar certo. Aconteceu com ele, vai acontecer comigo, e continuar acontecendo com os outros depois. Parece clichê, parece. Mas ele tá sempre tão certo, que até dizendo um absurdo eu só escutei quietinha. E parece que escutou meu pensamento de novo, porque nessa horinha falou que sabia que apesar de estar certo, sabia que não estava me convencendo. Mas que isso é bom. Que eu só to desesperadinha porque meu lugar não é assim, no chão, que já já eu volto por cima, e fico perto dele. E shhh.. e fica quietinha que eu to sempre certo. Afinal, todos os anos acontece com alguém, acontece com alguns. Pra quê pensar que não com você, e não bem rápido? Fica quietinha e dá cá um beijo, dá.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Sapato Novo

"Poderia até pensar que foi tudo sonho.
Ponho meu sapato novo e vou passear
sozinho, como der, eu vou até a beira.
Besteira qualquer,
nem choro mais.
Só levo a saudade morena,
é tudo que vale a pena."
(MARCELO CAMELO)
parabéns. (Y)

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Eu tenho medo de cara feia, mas não da sua.

justamente porque sua cara de mal não me assusta mais, é que eu ainda não falei aham.

Eu te vejo nervoso e muito puto, me falando umas coisas feias e depois se arrependendo delas todas. De verdade, eu sei que a culpa é toda minha de você estar assim, mas não tô com um pingo de pena. E não é maldade minha. É só que eu não preciso mesmo ter pena de você. Não estou lidando com um perdedor, ué. Eu sei que você vai conseguir isso tudo que vive tentando me dizer. E eu me conheço também. Daqui a pouco eu é que vou estar apaixonadinha e sem noção. ridícula, de tão na sua. Mas enquanto você quebra a cabeça chegando lá, e ainda não quebrou meu coraçãozinho brega,
eu vou cozinhando. :)

domingo, 2 de maio de 2010

Dispensar não é não pensar

Todos os dias antes de acordar, eu me despeço do cara mais incrível da Via Láctea. É verdade que eu não sei muita coisa sobre ele, apesar de vê-lo quase todos os dias (você já sabe, há aqueles dias em que não durmo). Quero dizer, na verdade não sei é dessas coisas que as pessoas costumam perguntar sobre ele - e é por isso que agora faço pirraça e nem conto mais, pra ninguém, hmpf. Mas de resto, sei até bastante coisa. Sei das covinhas de todos os sorrisos dele, e de todas as caras que ele faz, inclusive a de mau, a-ha. Isso é bem muita coisa. Sei também que na hora que toca o meu despertador, todas as manhãs estão ainda escuras, mas claream-se por completo na hora em que eu o desligo, porque o sol nasce bem na minha janela no momento em que eu abro as cortinas do quarto, as 5h da manhã. Depois eu esbarro nas coisas, derrubo no chão, abrindo a boca de sono e achando a maior graça. E tomo banho frio, sentindo calor e dando risada as 5h da manhã. Fico aqui lembrando das as cenas, com tudo o que você disse e o que nem precisou. Revendo na minha mente as fotos dos lugares que a gente viu enquanto eu sonhava.
Sempre depois que eu sonho, você acorda tão na minha mente, e todos os outros parecem tão outros, que nem parece que passei o dia de ontem te dispensando. Já mudei de idéia agora de manhã, mas vou voltar a dispensar hoje. Não é por maldade não, mas eu me conheço. No fundo, eu morro de medo de parar de sonhar.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Hoje eu peguei um ônibus errado e fui parar numa feira barulhenta,

..às 7:00 da manhã. Fazia sol, e frio também.
Entre as caixas de caqui, caixas de ovos, cascas de laranja, eu vi uma menina correndo melando as bochechas com picolé derretido de morango. Tinha 4 anos no máximo: bochechas iguais às minhas, cabelos iguais aos que eu já tive, e dentinhos pequenos e da cor-de-rosa (das cores da rosa, da cor das rosas). Veio correndo na minha direção sem querer, e esbarrou em mim porque tava olhando pra trás. Me olhou com susto e riu “ái, moça!” tão gostoso e melado, que eu - a moça - tive uma certeza pequenininha que, naquela manhã tão fria, e tão de sol, o ônibus errado me deixou no lugar certo.

domingo, 11 de abril de 2010

tanto, tanto, tanto.. que nem parece.

é verdade que a gente prometeu não falar nada, mas veja bem - e eu estou apenas escrevendo -, concorde comigo que não precisa de muito segredo pra disfarçar uma coisa assim, tão improvável. Pode passar o dia do meu lado, que ninguém vai achar que estejamos realmente nos vendo. O dia inteiro sem olhar, sem falar, sem cosquinha e sem carinho no cabelo; sem implicar, sem segurar o riso, e sem sua cara de peixe quando eu tento ficar séria. E quase sem pensar também. Quem olhar a gente não se olhando, nunca vai saber o tanto que você é meu. Nem que na verdade, de verdade, você o é sem ser. Eu vejo seu telefone vibrar em cima da mesa e você desligar sem parar de me olhar e sem nem interromper o assunto, e fico pensando como é triste a vida dessas pessoas que não tem nada disso e simplesmente andam por aí, de mãos dadas. E atravessam as ruas de mãos soltas. Que se beijam à luz do dia, perto dos outros, e se abraçam nos ônibus, e comem em lugares caros juntos, e dormem juntos, e têm tudo tão permitido que nem tem mais graça rir da última vez que precisaram se esconder. Eu não posso te beijar na fila do banco daqui do bairro, nem falar de você quando as ex-amigas perguntam das novidades. Mas eu nem tenho vontade de reclamar disso, nem de nada. Já tá tão legal a gente se ter sem as nossas horas chatas de dar explicação, ouvir desculpas e lembrar data. É como ter um mundo paralelo, e não levar ninguém lá, por que ele é difícil de entender, ou por simples egoísmo mesmo que é se ter certas coisas boas e indivisíveis. Tipo você. E não ter mais no outro dia. E depois ter mais um pouco. Só pra me deixar imprevisível, e não enjoada. Prá me ensinar a jogar xadrez, ou me levar na praia e falar sobre férias, ou política, ou piada de gosto duvidoso.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Eu acho que pode

Daqui eu vejo você fazer essa cara de mau para caixa de som. Essa que você sempre faz quando tá assim, concentrado. Até parece que a caixa ficar com medo de você e parar com a chiadeira.
Daqui ‘eu fico olhando as tatuagens do seu braço e começo a pensar que pode dar certo’. Eu vejo as suas 3 cicatrizes nas costas e acho que pode dar muito certo. E eu me lembro; e eu acho engraçado.
Na primeira vez você me disse que as cicatrizes foram de facadas que você levou brigando no bar do Bob. E eu devo ter feito uma cara muito feia, porque você riu alto, fazendo muito barulho e duas covinhas. Gostou do meu susto e inventou mais umas 20 histórias pras mesmas cicatrizes. Uma pior do que a outra. Só bem depois ficou sério e me disse a verdade: foi a quilha da sua prancha. Ou da prancha do seu amigo, ou do inimigo, eu sei lá. Acho difícil prestar muita atenção nos detalhes quando você tá sério assim. Tipo agora. Tipo no dia em que eu falei que não ia voltar de moto com você. E que se acabasse acabando mesmo, eu nem ia sofrer tanto, porque ninguém perde o que nunca teve. Você fez aquela cara e, sinceramente, eu não me lembro direito do que você argumentou nem de como me convenceu. Mas eu sei de cor essa sua cara de mau. Essa nunca me enganou, nem nunca me botou medo. Você faz ela e não me deixa prestar atenção em muita coisa, e o tempo corre, e as coisas acontecem correndo também. Tão rápido que eu nem me dei conta, mas já Quase disse que tá tudo bem. Não me dei conta, e você já resolveu seu problema com a caixa de som, já passaram das cinco e já estamos voltando pra casa. De moto, haha. Não percebi e já to aqui, pertinho da sua cicatriz branquinha. Eu olho pra ela, e escrevo esse texto na minha mente. Eu termino o texto pensando que talvez pode – mesmo – dar tudo certo.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Bom dia

Bom dia, hoje é domingo, e está sol.
Domingos e sóis deixam a gente de bom humor, mesmo que eu não esteja. Mesmo que eu esteja falando mentira. Em verdade, em verdade, eu fico pensando que deveria estudar, que eu tenho que trocar o esmalte do pé, que ainda não tirei a roupa do varal. Em mais verdade, eu tô pensando em levantar agora e ir buscar o açaí na geladeira. Mas não vou não. Vou ficar aqui quietinha, porque eu quero te contar uma coisa. Eu menti sobre o sol, e sobre ser domingo também. Mas a parte do bom humor é pura verdade. Então, já que você quis saber pra que essa minha cara de criança antes de fazer arte, e vou contar pra você que eu não desisti. De verdade. Eu sei que eu andei um tempo tempo sem dar idéia, só com a compania de tudo que te irrita - e as vezes, acho que te assusta também. Eu não sei se te deixei com medo. Será que quando eu comecei a sair, você achou que eu estava mesmo indo embora? Tava não seu bobo. Querer eu quis, mas olha eu aqui fazendo de novo. Não viu ainda como eu sempre acabo voltando? Voltei de todas as vezes que eu fui, assim como vou voltar, depois que for buscar o açaí, aqui pro seu ladinho. Tá super na cara como eu sou previsível pra você, e você aí, deixando eu te enganar.. ai ai hein.
Enfim, só queria dizer mesmo o que eu já disse. Que apesar de estar correndo por fora, não desisti não. Já disse, agora vou buscar a parada. Mas depois, vou voltar e fazer o que sempre faço.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Encosta aqui

Quando eu voltar pro carro, vou contar até 10, vou te ligar... e deixa eu adivinhar agora o que vai acontecer.
Você vai ver o meu nome no visor, deixar o telefone chamando umas 5 vezes e dizer 'Bom Dia!' - como se não tivesse deixado chamar, ou como se já não fossem quase 10 da noite. A conversa sempre começa com uma razão bem séria. Horário do ônibus, tempo de viagem. E daqui a pouco você começa a fazer aquilo. Essa parte eu não sei dizer bem como vai ser, mas você sempre faz. Vai me contar uma piada de joãozinho. Ou vai começar a achar que fala inglês. Ou as duas coisas juntas. E me fazer morder as mão pra não rir muito alto dessa piada em idioma estranho que nem eu nem nenhum Google Translate nesse mundo entenderíamos. Alguém perto de você acha - com toda razão - a cena engraçada, e te resmunga uma pergunta que eu não entendo, mas que você responde bem baixinho "é ela", achando que eu não vou ouvir. Mas meu celular já tá no último volume, que é pra eu te ouvir do jeito que tô acostumada a te ouvir. Encosta aqui. Tão perto, tão perto que parece até eu. :)

Forgiiiive them, even if they are not sooooooorry

Ficar guardando raivinha e não perdoar é tomar veneno e querer que a pessoa que você não perdoou morra envenenada. Acho que Shakeaspeare disse isso. Antes dele, a bíblia diz sso. E agora essa música na mtv dizendo isso.
Veja bem, tamo nessa quinta-feira com cara de quem quer chover, e essa música com cara de balada às 9:00 da manhã dizendo "perdoa. perdoa eles, kk. mesmo se eles nem te pedirem desculpa."
Há um tempo atrás eu ficaria com raivinha, desligaria a tv. Há um tempo mais atrás ainda, eu concordaria. Concordaria com o cara bonito que tá cantando, com o Shakespeare, todo mundo. Mas hoje, quinta-feira cara-de-chuva, 9:00h cara-de-fim-de-férias, eu só fiquei meio triste. Porque eu sei que ele tá certo.
Mas eu não tô errada.
Difícil pra caramba é perdoar, né. Tempo passa. E não passa rápido. (até o tempo precisa de um tempo pra passar). As coisas fazem aniversário. Um dia você vai quase chorar rindo e pensar que, ahh, tudo bem né. Mas continua doendo. Tem dias que você esquece. E começa a esquecer mais dias na sequência. Cada vez mais dias. E aí ouve uma música na tv e continua doendo. E quando pensa em argumentar "tá bom, cara bonito. você está certo. mas eu não tô errada não..", ele te responde rindo logo depois do refrão "Drop your guard. kk, você não tem que ser espertinha o tempo todo."
Forgive them. Perdoa, kk.

Desliguei a tv e a música continuou no repeat.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

O mar

Depois de colocar tudo numa caixa funda e antes de pensar num lugar mais fundo pra esconder a caixa e nunca mais achá-la, eu saí pela porta dos fundos, soltei a coleira do Bob e fui dar um mergulho.
Ridícula. Ridícula! Pra quê que eu quero esconder tudo que me lembra você numa caixa, e sumir com ela depois, se eu não tenho onde esconder o mar?

Hoje eu ri com o moço da padaria.

E ele me disse que se eu ri então é porque eu acreditava.
Ah, moço. Você nem sabe que já chorei o dia todo, e ontem todo, e antes também. Que eu cheguei aqui na sua padaria de óculos escuros e sol nem tá assim tão forte. E que meus olhos grandes já tão pequenos de tão úmidos e de tanto doer. Que eu to rindo assim fácil da sua piada é porque a gente fica com o riso fácil mesmo, depois que chora a te a cabeça doer. Chorei, chorei, chorei largado. E continuo acreditando.

Falsidade de folga.

Você me diz que não quer falar sobre o assunto e eu me ajeito aqui no chão duro, toda animada porque começando assim, a conversa vai ser boa. Não sei se você sabe, mas eu gosto é do não. Devagar e uma a uma, as suas respostas vão virando perguntas e, depois que eu pisquei, meu rosto já tava entre as suas mãos e tão perto do seu que o meu cabelo foi parar na sua camisa branca. Pra que essa camisa tão branca, e por que ela fica mais branca quando você veste? Não adiantou eu abaixar os olhos até que eles doessem, e resmungar que eu já tinha falado demais. Porque a noite insistiu em continuar.
E eu achei melhor não ficar com peso na consciência. Achei melhor me dar uma folga. Não é falsidade não, seu ridículo. É só uma folga. Folga dos meus “nãos”, “outro dia”, “gosto; mas não quero”, e folga de todas as outras também. É uma folga, e todo mundo sabe que todo mundo precisa de folga. É por isso que estão todos dormindo. E por que é que a gente também não tá dormindo? Eu acho que é porque se estivesse dormindo não estaria descansando, e por isso acabei aqui com você, dando uma folga pra mim. E talvez também porque hoje é feriado, eu estou quase falsa, você tá quase humilde e agora todas as pessoas que estão perto da gente estão quase roncando.
Por que é que você não quis mudar de assunto? Aí as minhas respostas viraram aquela música boa do Red Hot. “I close your eyes and I kiss you, cause with birds I share..” Fica puto e nem sabe que eu só quero é te ver com cara de puto mesmo. Acho lindo você não entender, e eu acho bom te explicar na prática mesmo. I close your eyes and I kiss you, porque agora eu só divido com os birds.

Eu não amo você.

E vamos agradecer aos céus que eu não te amo, porque assim posso gostar muito mais de você e te deixar me amar direito.
Se eu amasse você, não o faria esperar tanto, me xingar tanto, fritar tanto enquanto eu demoro pra te ligar de volta. E quando te ligasse não seria tão leve, tão eu, tão sem querer falar. Veja bem, quando você me faz uma daquelas perguntas, se eu amasse mesmo você, não te daria aquelas respostas que te fazem rir de mim, rir pra mim, pedir mais mins.
Graças aos céus que eu não amo. Que aí você ama. E eu amo que você ame. Amém.

Argh

Aos mesmos céus que não me deixam amar o outro, nem nenhum outro-outro, eu peço para que nunca pare de te odiar.
Porque eu nunca tive um ódio tão lindo, tão alegre, tão charmoso, tão cheiroso e tão quase saudável como esse.
E eu fico tipo aquele cara daquele filme que a gente viu ontem.
Como odiá-lo se não o amasse tanto?

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Um ridículo

Ela falou: "vamos terminar o relacionamento".
Foi de brincadeira, os dois sabiam. Começou como brincadeira, e a brincadeira estava terminando bem ali, naquelas despedidas bobas, como tudo que eles tinham. Até as conversas quase sérias sempre acabavam em bobeira, ou em ameaças – bobas – de morte. Tudo que eles tinham era bobo, porque concordavam (mesmo sem dizer nada) que a vida não tem que ser sempre séria, nem sempre velha e nem sempre pra valer.
Ele continuou a bobeira segurando o riso e fazendo cara de magoado, e perguntou por que é que então ela estava rindo, já que esse era um fim, e no fim as pessoas todas sofrem. Ela respondeu que assim como ninguém perde o que não tem, não se termina o que não começou. E sofrer o fim dessas coisas que não existem era muito ridículo. Ele riu rápido e sem querer como ria sempre que ela falava essa palavra. "Ridículo". E ficou pensando que não era uma palavra ruim quando ela o chamava assim e fazia cara de quem quer e não quer rir. Era quase elogio. Principalmente depois que escutou ela falar aquele dia pra alguém que só conseguia odiar se amasse muito. "Ridículo". Era quase elogio sim. Ele pensou essas coisas todas num segundo e riu de novo. E ela – que não tinha lido os pensamentos dele dessa vez – perguntou o que foi. Ele disse que foi nada. Que foi ótimo, já que então eles não tinham terminado de verdade.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Ele falou:

'você é a coisinha mais linda que eu já vi nessa minha vida’. E eu disse que então ele mentiu a idade, e era muito mais novo, e não tinha vivido nada. Ele riu mais do que o necessário e perguntou se eu sempre fico vermelha e desconverso quando alguém me chama de linda. Eu desconversei mais e disse que nada, que tava vermelha era de praia. Que fui a semana toda. Aí ele calou a boca e ficou me olhando com uma cara que eu não entendi. Depois ele voltou a falar e disse que tudo bem, que eu era ainda mais linda de bochecha vermelha, e continuou enchendo o saco, viajando cada vez mais. Algo sobre me botar num potinho e levar pra casa (ou eu tô doida, ou já li isso numa comunidade). E o resto do que ele disse eu realmente não me lembro. Ele ficou falando, gesticulando, foi explicar uma coisa e até desenhou na areia. E eu lembrando do céu. Pensando no mar, olhando pro sol, e lembrando do céu. De cada minuto do céu. Não sei quanto tempo passou, e eu levantei e fui pra casa, parecendo mal-educada. Mas não era, eu só..

eu duvido que você engula qualquer coisa depois de voltar do céu.

Aos que nos amam...

...que continuem nos amando, ainda que nos irritem ou que nós não os amemos. Que eles nos amem. Amém.
E os que não nos amam mais, que voltem a amar, já! Que os que já estão em outra voltem para a nossa agora! Mesmo que voltem do mesmo jeito-caso-perdido que todos eles são. Falando que tá calor pra puxar assunto, roendo a unha sem ver. Mesmo que voltem com os trululús chamando atenção e mandando winks (WINKS, mano, WIIINKS!) no MSN, e voltem as mensagens de texto com erros de português. Podem voltar. Voltem todos. Os que buscavam e traziam em casa. De moto, de carro, de bicicleta até. Que locavam filme do nada mesmo que fosse 4ª feira a tarde, compravam o sorvete mesmo que fosse longe, guardavam o lugar na cadeira da frente deles na escola, no banco da igreja, armavam o guarda-sol na praia.
Que toooodos voltem, viu. Pra ver se a gente não ter que terminar o dia escrevendo na 1ª do plural.

sábado, 30 de janeiro de 2010

Rímel

Rímel foi uma coisa muito boa que ela descobriu, que separa os cílios uns dos outros quando tudo o que eles querem é ficar grudadinhos, juntar as duas pálpebras e não saber de mais nada que tem lá fora. Por isso a dona da boneca comprou o tal do rímel, porque acha os olhos dela muito lindos pra ficarem escondidos. Acho que ela não sabe que o que a boneca vê de olhos fechados é muito mais bonito do que tudo que tem lá fora.

Ou então ela sabe, e morre de inveja.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Helicóptero

De dentro do helicóptero você vê. Mas a visão que se tem de dentro não é nem de longe comparável a tudo que você poderá sentir lá fora. Quando enfim a porta se abre e o vento te beija forte, automaticamente você morde os lábios. É pro coração não cair. Lógico que se sente apavorada - se não sentisse, não seria magnífico. Porém, só depois que abandonar o quentinho do helicóptero é que vai saber como é deitar nos braços do vento, como é tê-lo fazendo todas as curvas, dentro e fora.
Há uma coisa muito boa na queda.
Enquanto os ventos te inflam, eles assopram para fora todas as coisas medíocres que haviam em sua mente. E nesse curto tempo você terá consciência, uma terrível consciência, de tudo. Vai descobrir tudo que antes ignorava, e entender todos os mistérios do mundo; como porque a Terra é mais quente por dentro, porque a gente espirra, porque as formigas conseguem andar no teto e porque ele não te telefona há uma semana. Tanta consciência assim - é claro, você não é passarinho - começa a pesar, o que te faz cair mais rápido e esquecer todas a filosofias aéreas que por 4 segundos fizeram de você a pessoa mais esperta do mundo. Está na hora de acionar os equipamentos de aterrissagem que te trarão inteira ao chão.
É pena que tantas verdades ficaram no céu, e você ainda não sabe de nenhum equipamento capaz de trazê-las. Mas até lá vai colecionando as brisas que ficaram ventando na barriga. Aquelas que sopram sempre que alguém faz a gente lembrar do céu.

♫ (born in babylon - soja)

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

yet

Jon Foreman tem substituído Jack Johnson no meu media player nessa estação. Jack ajudou direitinho desde bem antes do vestibular. Quando eu gritava pra dentro que tava tarde e precisava dormir, - na mesma época que meu mp4 era novinho e não me aborrecia feito hoje - ele me cantava Lullabies me mandando fechar os olhos e quando eu os abria já era amanhã. Por isso achei bem justo, ao conhecer Jon, liberar Jack um pouquinho. Voltou de férias pro Hawaii, acho que foi "surfar Pipe, man!". Gracinha. *-*

Resultado disso é que Jon é mais direto. Fala umas coisas que Jack me escondia. Semana passada eu tava pirracenta, botei ele pra cantar pra eu arrumar 'as inspiration'. sabe o que ele me disse? "se não quebrar o seu coração, isso é amor? não, se não quebrar o seu coração não é o suficiente".
dãã. eu sei disso. Eu me conheço, Jon.
Eu sei que quando vem assim, facim-facim, vou enjoar rapidim-rapidim. Umas vezes eu finjo até que tô impolguis. Mas a impolgação dura tão pouco que não dá tempo nem de virar uma fofoca boa de se contar pras amigas, quando elas vêm te perguntando das 9dad's. Eu sei, eu sei disso. Mas falar assim em voz alta me dá vergonha, sabe. Por isso que eu faço sempre drama. No final, final mesmo, eu quero que você termine aqui comigo. Eu quero você. Mas entenda que se você vier na hora exata em que eu chamar, e se fizer isso sempre, vai acabar como Jack Johnson.
só volta pra mim com repertório novo..

how come?

Como é possível, pensou ela, sofrer por um cara de quem se manteve distância para justamente não sentir falta dele quando fosse embora?

Dois mil é 10

não falar palavrão; não ignorar; pensar antes de falar; não ser irônica com quem eu não conheço; aprender a cozinhar; aprender a usar a internet; aprender; aprender a pedir informação na rua; aprender a escrever; não escrever somente nos dias tristes; mandar embora mais rápido o que me causar arrependimentos; pedir desculpas; não morrer de vergonha; não morrer; ser menos desligada; menos crítica; gastar menos dinheiro com prazeres adolescentes; crescer; gastar mais dinheiro com o futuro; amadurecer; dormir cedo; dormir; voltar a colocar os dedos dos pés atrás das orelhas; voltar a tocar teclado; voltar a tocar Richard Clayderman no teclado; saborear sem repetir; não morrer; amar sem possuir; cuidar com mais amor; não quebrar as unhas; respirar melhor; melhorar a postura; disfarçar melhor o ciúme; desligar mais; telefonar quando eu prometer; prestar atenção; comemorar; cultivar; ler no ônibus, não dormir; ler; escrever; não copiar; ser e escrever; escrever; escrever..

minha mãe I

voltou pra casa à tardinha, e não tardou em verificar seu otimismo com meu irmão:

- alguém ligou pra mim?
- não
- hmm, alguém ligou pra você?
- não.
- pô, Daniel, ninguém ligou pra gente..

(...)

- e pra Clarissa?

sobre sonhos e dinheiro.

Esta tarde eu voltei à padaria para trocar os sonhos que comprei.
Aprendi na prática que sonhos dos outros - ainda mais os que se compram com dinheiro mesmo - são tão ruins que parecem até estragados.
A moça do caixa disse "pode trocar por outra coisa no mesmo preço ou volta aqui que te dou seu dinheiro de volta". E eu passei nas prateleiras três vezes sem sucesso nenhum, pra me dar conta de que não havia nada lá à altura dos meus sonhos docinhos. Acabei querendo meu dinheiro mesmo. Que coisa lamentável é trocar seus sonhos por dinheiro. Lamentável, mesmo dentro de uma padaria. Voltei pra casa assim, ex-sonhadora, capitalista. urgh.