quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Falsidade de folga.

Você me diz que não quer falar sobre o assunto e eu me ajeito aqui no chão duro, toda animada porque começando assim, a conversa vai ser boa. Não sei se você sabe, mas eu gosto é do não. Devagar e uma a uma, as suas respostas vão virando perguntas e, depois que eu pisquei, meu rosto já tava entre as suas mãos e tão perto do seu que o meu cabelo foi parar na sua camisa branca. Pra que essa camisa tão branca, e por que ela fica mais branca quando você veste? Não adiantou eu abaixar os olhos até que eles doessem, e resmungar que eu já tinha falado demais. Porque a noite insistiu em continuar.
E eu achei melhor não ficar com peso na consciência. Achei melhor me dar uma folga. Não é falsidade não, seu ridículo. É só uma folga. Folga dos meus “nãos”, “outro dia”, “gosto; mas não quero”, e folga de todas as outras também. É uma folga, e todo mundo sabe que todo mundo precisa de folga. É por isso que estão todos dormindo. E por que é que a gente também não tá dormindo? Eu acho que é porque se estivesse dormindo não estaria descansando, e por isso acabei aqui com você, dando uma folga pra mim. E talvez também porque hoje é feriado, eu estou quase falsa, você tá quase humilde e agora todas as pessoas que estão perto da gente estão quase roncando.
Por que é que você não quis mudar de assunto? Aí as minhas respostas viraram aquela música boa do Red Hot. “I close your eyes and I kiss you, cause with birds I share..” Fica puto e nem sabe que eu só quero é te ver com cara de puto mesmo. Acho lindo você não entender, e eu acho bom te explicar na prática mesmo. I close your eyes and I kiss you, porque agora eu só divido com os birds.

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