terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Um ridículo

Ela falou: "vamos terminar o relacionamento".
Foi de brincadeira, os dois sabiam. Começou como brincadeira, e a brincadeira estava terminando bem ali, naquelas despedidas bobas, como tudo que eles tinham. Até as conversas quase sérias sempre acabavam em bobeira, ou em ameaças – bobas – de morte. Tudo que eles tinham era bobo, porque concordavam (mesmo sem dizer nada) que a vida não tem que ser sempre séria, nem sempre velha e nem sempre pra valer.
Ele continuou a bobeira segurando o riso e fazendo cara de magoado, e perguntou por que é que então ela estava rindo, já que esse era um fim, e no fim as pessoas todas sofrem. Ela respondeu que assim como ninguém perde o que não tem, não se termina o que não começou. E sofrer o fim dessas coisas que não existem era muito ridículo. Ele riu rápido e sem querer como ria sempre que ela falava essa palavra. "Ridículo". E ficou pensando que não era uma palavra ruim quando ela o chamava assim e fazia cara de quem quer e não quer rir. Era quase elogio. Principalmente depois que escutou ela falar aquele dia pra alguém que só conseguia odiar se amasse muito. "Ridículo". Era quase elogio sim. Ele pensou essas coisas todas num segundo e riu de novo. E ela – que não tinha lido os pensamentos dele dessa vez – perguntou o que foi. Ele disse que foi nada. Que foi ótimo, já que então eles não tinham terminado de verdade.

Um comentário:

  1. valeu colega, tá usando minha história, né?! beleza!
    Valeu por me fazer chorar!

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